O crescimento acelerado de jogos online como o plinko acendeu um novo debate nos bastidores da política fiscal da América Latina: o que os governos fazem com essa receita? Com a previsão de que o setor de iGaming alcance US$13,48 bilhões até 2030, a discussão sobre o destino dos impostos arrecadados ganhou força. A legalização tem gerado bilhões em arrecadação — mas o uso social desses valores ainda é incipiente.

Na maioria dos países da região, como Brasil, Chile e Peru, o dinheiro oriundo das licenças, tributos e taxas sobre jogos online entra no caixa do Estado, mas não tem um destino específico. Há projetos em discussão, alguns esboços de iniciativas, mas nada consolidado no papel.

Já se sabe, porém, que o potencial é real. O Peru, por exemplo, estima mais de 145 licenças operacionais só no primeiro ano após a regulamentação. O Brasil mira US$10 bilhões de receita bruta até 2029. Se bem direcionado, esse dinheiro poderia financiar saúde, educação e políticas de prevenção — como já ocorre em um país vizinho.

Colômbia é a exceção nesse panorama. Desde 2016, a estrutura regulatória do país inclui cláusulas que destinam parte da arrecadação diretamente para áreas essenciais, como o sistema de saúde pública. Uma abordagem que pode — e deve — servir de modelo regional.

O Caso Colombiano Mostra o Caminho

Na Colômbia, o sistema é claro: o dinheiro do jogo retorna para a sociedade. Isso porque a Coljuegos, entidade que regula o setor, é vinculada ao governo e responde diretamente ao Ministério da Fazenda e ao Ministério da Saúde. Essa conexão institucional garante que uma fatia relevante da arrecadação não fique invisível.

Só em 2022, a Coljuegos reportou mais de COP 796 bilhões em receitas com licenciamento — o equivalente a cerca de US$210 milhões. Uma parte desse valor é aplicada diretamente no financiamento da saúde pública, incluindo hospitais, campanhas de prevenção e políticas de jogo responsável.

A alocação desses recursos não acontece de forma solta. Há uma articulação entre entidades sociais, prefeituras e conselhos regionais para definir as prioridades — um modelo que fortalece a transparência e amplia a legitimidade da regulação.

Em paralelo, os esforços para promover o jogo responsável estão alinhados com diretrizes que podem ser vistas em iniciativas como as destacadas no blog da 777bet.io . Essas ações não só reduzem os danos sociais como também aumentam a confiança no mercado formal.

A Colômbia mostra que não se trata apenas de arrecadar — mas de construir uma cadeia sustentável, em que operadores, governo e população compartilham os benefícios. A lógica é simples: se o jogo está na sociedade, o retorno também deve estar.

Brasil e Peru Ainda Definem Prioridades

No Brasil, a legalização do iGaming virou realidade em janeiro de 2025. A promessa é grande — o país deve movimentar cerca de US$10 bilhões até 2029. A regulamentação detalha pontos técnicos, como licenciamento, regras de publicidade e tributação, mas... e o uso social desse dinheiro todo? Por enquanto, essa resposta ainda não apareceu no papel.

A Lei 14.790/2023 impõe que operadores tenham licença federal, paguem taxas fixas sobre a receita bruta de jogos (GGR), além de cumprir exigências como verificação biométrica e suporte técnico nacional. Tudo muito organizado do ponto de vista fiscal e jurídico, mas sem nenhuma menção clara a programas sociais.

Enquanto isso, o Peru vive um momento parecido. Desde 2024, o país opera com uma nova legislação que trouxe estabilidade ao setor. Foram 145 pedidos de licença logo no primeiro ciclo — um sinal claro do apetite do mercado local e internacional por operar legalmente no território peruano.

Só que o foco ainda é outro: controlar o setor, garantir segurança e atrair investimentos. Nada foi anunciado oficialmente sobre a destinação pública das receitas, embora a arrecadação esteja em plena expansão.

Ambos os países mostram um cenário promissor, mas ainda sem medidas específicas que conectem diretamente a arrecadação do iGaming a políticas de saúde, educação ou bem-estar social.

Oportunidade Real, Mas Ainda em Construção

Fora a Colômbia, nenhum outro país da América Latina apresentou até agora uma estratégia sólida de retorno social com base na arrecadação de jogos online. Não significa que isso não possa mudar — muito pelo contrário.

Brasil, Peru, México e Chile caminham para a consolidação de seus marcos regulatórios. A formalização avança, os cofres públicos engordam com taxas e impostos, e a profissionalização do setor se tornou um caminho sem volta. Falta só um detalhe: dar um propósito social a esse dinheiro todo.

A estimativa regional aponta para um mercado de US$13,48 bilhões até 2030, um salto expressivo que reforça o papel estratégico do iGaming. O potencial arrecadatório já está presente. O desafio agora é usar essa força de forma inteligente.

Se os governos criarem canais claros para redirecionar parte dessas verbas para políticas públicas — como saúde preventiva, educação digital ou combate ao vício — o setor pode se tornar mais do que lucrativo: pode ser transformador.