A decisão judicial de credenciar outra clínica de hemodiálise na cidade coloca em risco o funcionamento do Hospital São Lucas. É o que afirma o diretor administrativo do hospital, Willian Magalhães. De acordo com o diretor, o centro hospitalar - único a ofertar o serviço na cidade até então - perderia recursos e poderia deixar de ofertar outras modalidades médicas caso perca o direito de receber as sessões de hemodiálise. Além disso, segundo ele, há o risco de o São Lucas fechar as portas completamente.
No último dia 25 de fevereiro, a Justiça havia determinado que o Município tem até a próxima semana para liberar emergencialmente outro estabelecimento para realizar as sessões de hemodiálise em Patos de Minas. Atualmente, apenas o São Lucas oferta esse procedimento em convênio com o SUS na região.
Procurado pelo Patos Hoje, o diretor administrativo Willian Magalhães afirmou que o descredenciamento desse serviço no São Lucas poderia gerar “graves prejuízos aos pacientes, uma vez que estes podem ter seus tratamentos interrompidos ante a inexistência de clínica de nefrologia em condições de ser habilitada em nosso município e que conte com suporte de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para assistir os pacientes que possam sofrer intercorrências durante o atendimento deixando estes expostos a risco iminente de morte.”
Ainda segundo o diretor, o SUS é a principal fonte de recursos financeiros do Hospital. Sem a hemodiálise, que é prestada pelo sistema, o São Lucas poderia parar de ofertar outros serviços importantes e correria risco de deixar de funcionar completamente.
“É o conjunto de serviços credenciados junto ao Sistema Único de Saúde que tornam o Hospital viável do ponto de vista econômico e a perda deste poderá inviabilizar a prestação dos demais serviços executados no Hospital tais como: Tratamento Oncológico, Centro de Tratamento Intensivo (CTI), Maternidade e Neonatal”, explicou Willian, que confirmou que a interrupção desses serviços poderia levar até ao fechamento do São Lucas.
Entenda o caso
A Associação dos Renais Crônicos do Alto Paranaíba (ARCAP) havia solicitado o credenciamento de uma nova clínica para a realização da hemodiálise em Patos de Minas. Segundo o pedido da ARCAP, o Hospital São Lucas, único que oferecia o serviço, “vem sofrendo com má gestão, crise financeira e sanitária”.
A associação afirmou ainda que o serviço da clínica de nefrologia do Hospital São Lucas “há anos vem apresentando sérios problemas na assistência aos pacientes, posto que faltam médicos nefrologistas e insumos básicos como luvas, álcool e papel, não há balança para cadeirante, falta assistente social, além de as condições de higiene serem péssimas.” Segundo a entidade, relatórios emitidos pela Vigilância Sanitária confirmam essa realidade, e, desde 2018, o alvará não é emitido para o hospital.
Na decisão, o juiz Guilherme Mendonça Doehler reconheceu a situação precária do São Lucas e determinou que a Prefeitura de Patos de Minas credencie a Clínica do Rim do Alto Paranaíba ou outro estabelecimento na cidade para receber pacientes de hemodiálise. Além disso, a União deve providenciar os recursos necessários à ampliação da oferta desse serviço.
Ao Patos Hoje, o diretor administrativo Willian Magalhães defendeu a estrutura de hemodiálise do Hospital São Lucas, a qual, segundo ele, nunca privou os pacientes de itens essenciais a realização adequada do tratamento”
“Esta unidade hospitalar sempre buscou ofertar tratamento adequando aos pacientes tendo inclusive, recentemente, adquirido 36 (trinta e seis) novas máquinas, de última geração, para realização de diálise, buscando melhorar a qualidade dos atendimentos e ofertar mais conforto aos pacientes. Todo o tratamento da água, item essencial na realização do procedimento obedece rigorosamente às normas da Anvisa e em nenhum momento os pacientes foram privados de itens essenciais a realização adequada do tratamento.”
Cabe recurso
A decisão que obriga a Prefeitura de Patos de Minas a contratar novo serviço de hemodiálise ainda cabe recurso. O Hospital São Lucas não é parte no processo, mas vai atuar juridicamente como terceira interessada.
São Lucas foi descartado para receber novos leitos de Covid-19
Na última semana, a Justiça havia cedido à Prefeitura o direito de intervir no Hospital São Lucas para a abertura de novos leitos de Covid-19 no local. No entanto, os técnicos da Prefeitura verificaram a falta de itens essenciais para garantir a assistência adequada, como válvula reguladora de oxigênio e ar comprimido, bomba de infusão, cabos de energia e oxímetros nos monitores, estetoscópio e termômetro. Além disso, não há ligação de água para utilização nas máquinas de hemodiálise, e a canalização do vácuo não está funcional.
A Assessoria de Comunicação da Prefeitura comunicou também que há problemas na distribuição da rede de oxigênio e vácuo para todos os leitos de UTI. Das três usinas de produção de oxigênio já construídas, somente uma está produzindo o gás, e em quantidade insuficiente para o número de leitos já existentes. Em entrevista coletiva na segunda-feira (01), o prefeito Luís Eduardo Falcão confirmou oficialmente a desistência de utilizar as dependências do hospital.
Na ocasião, a coordenação do São Lucas emitiu uma nota criticando a maneira como a Prefeitura conduziu o caso. Segundo o comunicado, o hospital “não nega a insatisfação ao sofrer ingerências administrativas, estas, até o presente momento, nem um pouco colaborativas”. A direção afirmou que o ambiente para discussões era “favorável” e não “indicava a necessidade da medida extrema adotada pelo Município de Patos de Minas”.
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